
Brasil avança significativamente no cenário global da liberdade de imprensa
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado neste sábado (3), o Brasil tem motivos para comemorar. O país protagonizou uma das maiores evoluções no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, elaborado anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Em 2025, o Brasil subiu 47 posições em relação ao levantamento de 2022, alcançando o 63º lugar entre 180 nações avaliadas.
A melhora foi atribuída a um ambiente menos hostil para a atuação jornalística, segundo os especialistas da RSF. A organização define liberdade de imprensa como a capacidade concreta dos jornalistas — individualmente ou em grupo — de apurar e divulgar informações de interesse público sem sofrer interferências políticas, econômicas ou sociais, e livres de ameaças à sua integridade física ou psicológica.
Embora o desempenho brasileiro represente um avanço expressivo, o panorama global preocupa. Pela primeira vez desde o início do levantamento, as condições para o jornalismo são consideradas “ruins” em metade dos países analisados. Apenas cerca de 25% das nações oferecem um ambiente “satisfatório” para a prática jornalística.
A pontuação média mundial em 2025 ficou abaixo de 55 pontos, o que, segundo a RSF, reflete um contexto global “difícil” para a liberdade de imprensa. O ranking leva em conta cinco indicadores: político, econômico, social, jurídico e segurança. Neste ano, o fator econômico teve peso decisivo nas avaliações, refletindo o impacto da concentração midiática, das pressões comerciais e da distribuição pouco transparente de recursos públicos.
A RSF alerta que muitos veículos de comunicação enfrentam o dilema entre manter sua independência editorial ou garantir a sobrevivência financeira. “Sem uma base econômica sólida e transparente, a imprensa se fragiliza. Isso a torna vulnerável a interesses privados ou políticos, comprometendo a qualidade da informação e o direito da sociedade à verdade”, afirma Anne Bocandé, diretora editorial da organização.
O avanço do Brasil é um alento, mas também um lembrete: garantir uma imprensa livre exige, além de proteção contra a censura e a violência, a construção de estruturas econômicas que sustentem a independência e o pluralismo no jornalismo.